Setor imobiliário dos EUA será vítima das tarifas de Trump
A atual política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem gerado muitas incertezas, colocando os mercados financeiros em alerta, e deixando um clima de apreensão entre investidores e analista. Em meio a esse cenário, especialistas do UBS divulgaram uma previsão preocupante para o setor imobiliário americano. Segundo o banco, as novas tarifas anunciadas pelo governo devem encarecer significativamente a construção de novas residências — em média, US$ 6.400 por imóvel.
Os analistas do UBS alertam que os impactos dessas tarifas serão sentidos em toda a cadeia de valor do setor habitacional: desde os fabricantes de componentes e distribuidores até as construtoras. "Considerando um aumento de US$ 6.400 no custo para os construtores, sem possibilidade de repassar esse valor ao consumidor final (o que representaria um acréscimo de 1,5% no preço), a margem bruta sofreria uma queda de aproximadamente 155 pontos-base, para uma casa avaliada em US$ 415 mil", aponta o relatório.
O banco acredita que repassar os custos para o consumidor final pode ser um desafio, principalmente diante do atual cenário econômico. Além disso, o UBS projeta um aumento de 5% nos preços dos materiais de construção produzidos internamente. Uma pesquisa com construtores realizada em março estimou um impacto ainda maior: cerca de US$ 9.200 adicionais por imóvel.
Segundo o UBS, as novas tarifas atingem cerca de 7% dos materiais usados na construção civil, com um acréscimo médio de 22% nas taxas. Empresas como D.R. Horton, PulteGroup e KB Home estão entre as mais afetadas. O consumidor final, portanto, deve sentir no bolso o aumento dos custos para adquirir um imóvel.
Apesar da pressão, o UBS avalia que o setor imobiliário dos EUA está hoje em uma situação mais sólida do que em ciclos tarifários anteriores. Durante a pandemia de COVID-19, fabricantes, distribuidores e construtoras enfrentaram condições muito mais severas, com choques de oferta e tarifas sobre produtos chineses impostas durante o primeiro mandato de Trump, o que forçou o setor a diversificar fornecedores e repensar estratégias.
Para agravar o cenário, as ações das construtoras vêm caindo de forma acentuada: desde setembro de 2024, o setor já recuou 27%. Ainda assim, o UBS vê uma oportunidade. “Neste momento, avaliamos que o risco está compensando e que o mercado oferece um ponto de entrada atraente para investidores”, afirma o relatório.
O banco também destaca que, historicamente, o setor imobiliário americano costuma se recuperar rapidamente após períodos de queda, o que pode sinalizar um bom potencial de valorização futura.