Arábia Saudita reduz preço de seu principal tipo de petróleo: queda na demanda ou estratégia de marketing?
A Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, está prestes a ajustar os preços de seus barris para os parceiros asiáticos em dezembro, sinalizando uma diminuição na demanda global. A redução de preços afetará a maioria dos tipos de petróleo saudita, e isso indica que a OPEP e seus aliados podem adiar seus planos de aumentar a produção, uma medida prudente diante de um mercado instável.
Estudos indicam que o preço do Arab Light, o principal tipo de petróleo saudita, pode cair entre 30 e 50 centavos por barril. Embora modesta, essa redução pode gerar impactos relevantes no mercado global. Especialistas do setor de refino, que ainda mantêm uma perspectiva otimista, acreditam que os preços dos tipos mais pesados, como o Arab Medium e o Arab Heavy, não sofrerão alterações tão drásticas. Isso se deve às margens estáveis dos combustíveis com alto teor de enxofre — a diferença entre o custo de produção e os preços de venda, que permanecem consistentes.
As margens de refino em Cingapura, centro vital do setor na Ásia, superaram US$ 4 por barril em outubro, após o quase recorde de US$ 2,12 registrado em setembro. Esse aumento gerou preocupações, mas as regras do mercado continuam a ditar o ritmo.
Além disso, há rumores de que a OPEP+ pode adiar o aumento de produção programado para dezembro por um ou dois meses. Quatro fontes próximas ao cartel confirmaram que as incertezas sobre a demanda e a oferta estão levando os principais membros a revisar seus planos. A decisão final pode ser anunciada já na próxima semana.
Embora as decisões sauditas impactem principalmente os mercados asiáticos, elas também têm potencial para reverberar em economias emergentes que dependem do petróleo importado, pressionando países já fragilizados por altas taxas de juros e inflação global.
A lista oficial de preços do petróleo da Arábia Saudita, divulgada por volta do quinto dia de cada mês, define as tendências não só para o país, mas também para os concorrentes no Irã, Kuwait e Iraque. A decisão tem grande impacto, já que cerca de 9 milhões de barris de petróleo são enviados para a Ásia todos os dias.
Por fim, a Saudi Aramco, gigante do setor, analisa detalhadamente as receitas e os preços do petróleo antes de anunciar o “preço do mês”. Como é de praxe, a empresa não comentou publicamente sobre o assunto.